A presente seção tem por objetivo demonstrar por que o Chevette ainda mantém uma legião de fãs tantos anos após sua retirada do mercado. Aqui serão abordados aspectos objetivos, do ponto de vista da Engenharia e da utilização do carro, para os quais ainda contribuem tantos fatores subjetivos.
A tração traseira é um dos principais atrativos do carro.
1. A suspensão dianteira:
A suspensão dianteira do Chevette era do tipo "Duplo A", que consistia em um braço triangular superior, um braço simples inferior e mola helicoidal separada do amortecedor.
Atualmente a maioria dos carros utiliza suspensão dianteira do tipo "McPherson", em que o amortecedor e a mola são concêntricos, sendo que esta circunscreve aquele. Esse conjunto, denominado "Torre de suspensão" fica apoiado em um ponto do monobloco.
Numa suspensão McPherson, a estrutura do veículo sofre um esforço maior no ponto de fixação das torres de suspensão. Exemplo claro disso é que os carros da linha Gol (Gol, Voyage, Parati e Saveiro) freqüentemente apresentam rachaduras na parede de fogo após muito tempo de uso (claro, quando o dono não é muito cuidadoso).
Numa suspensão em duplo A, como não há torre de suspensão, problemas desse tipo não acontecem. A melhor distribuição do esforço entre os pontos de fixação aumenta em muito sua resistência e conseqüente durabilidade.
Eixo dianteiro do Chevette. Note as suspensões em "Duplo-A", a barra estabilizadora,
sistema de direção e coxins de sustentação do motor.
2. Sistema de direção:
A primeira vantagem que se nota no sistema de direção do Chevette é a sua enorme capacidade de esterçar. Isso se explica por o carro ter tração traseira, pois assim sendo o eixo dianteiro não tem que portar o conjunto de tração. É por isso que o Chevette é bem mais fácil de manobrar em espaços reduzidos que carros de tração dianteira.
Outra vantagem é o fato de a caixa de direção ser fixada na travessa de suspensão, reduzindo um erro de direção presente em todos os carros de passeio chamado Bump-Steer e Roll-Steer (que dizem que a barra de direção deve ser paralela e de mesmo comprimento que o braço de controle inferior, para evitar mudanças de convergência e cambagem quando a suspensão trabalha). Conseqüentemente não se "torce" o monobloco do carro quando se faz uma curva, como acontece nos carros com a caixa fixada na parede de fogo (caso de alguns modelos de tração dianteira, que costumam apresentar rachaduras no monobloco por conta disso).
3. Transmissão:
A tração traseira traz várias vantagens do ponto de vista do comportamento dinâmico do carro:
a- Em situações adversas de aderência o carro é mais fácil de controlar por não haver a possibilidade de saída de dianteira (perdendo-se portanto o controle da direção) por patinação de rodas motrizes.
b- A própria ação de freio-motor facilita a retomada de controle quando ocorrem saídas de traseira.
c- A aceleração (sobretudo com o carro carregado) é mais eficiente, pois nessa situação a maior parte do peso do carro é transferido para o eixo traseiro, nos carros de tração dianteira isso favorece a perda de contato com o solo das rodas motrizes (cantada).
d- Em aclives, em especial quando o piso é de pouca aderência, o peso é transferido para o eixo traseiro, o que favorece a performance de carros de tração traseira.
e- Ausência de reações de torque na direção. Ou seja: o carro não fica "tirando o volante da sua mão" nas acelerações.
A tração traseira ainda contribui indiretamente para a estabilidade do veículo, pois há melhor distribuição de peso entre os eixos dianteiro e traseiro. Isso porque em carros de tração traseira a caixa de câmbio é central e o diferencial é traseiro, enquanto nos de dianteira todo o conjunto é concentrado na frente do carro.
Só há duas situações em que o comportamento dinâmico dos carros de tração dianteira supera o dos de tração traseira: quando se está numa reta com o motor trabalhando em regime constante (o peso do motor auxilia a tração na dianteira), e quando se está no asfalto e se freia no meio da curva (o peso do carro se apóia em uma roda motriz, e fica fácil recuperar a tração).
Deve-se reconhecer ainda que o binômio motor transversal/tração dianteira forma um conjunto mais compacto, o que deixa mais espaço para os ocupantes do carro e ainda favorece a aerodinâmica pela redução da área frontal. Mas em contrapartida sobrecarrega os freios dianteiros por sua distribuição de peso.
Mas o melhor mesmo são aquelas rabeadas controladas nas curvas tomadas com maior ímpeto, e os zerinhos. Quem tem carro de tração dianteira jamais conhecerá esses grandes prazeres que somente um bom carro de tração traseira pode proporcionar.
4. Suspensão traseira:
As suspensões traseiras do Chevette eram semi-independentes, com eixo rígido, braços tensores longitudinais, barra transversal Panhard, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos.
Se por um lado as suspensões de eixo rígido mostram-se um tanto ineficientes na absorção de irregularidades do solo, por outro elas favorecem a aderência em curvas. Nesse tipo de suspensão a cambagem das rodas não é afetada pela rolagem da carroceria, o que significa dizer que elas sempre estão perpendiculares ao solo, numa condição ideal de aderência.
"Raio-X" do Chevette Hatch inglês.
5. Versatilidade na preparação:
A resistência e acerto do chassi e suspensão; a transmissão curta, precisa e superdimensionada; e o espaço amplo sob o capô fazem do Chevette uma excelente base para diversos tipos de preparação.
As mais usuais são a adaptação do motor VW-AP (geralmente associada a uma turbina) ou do GM-151 do Opala. Mas também há por aí Chevas com o motor original preparado, seja de forma aspirada ou turbinada, com motor de Vectra 16v e de Blazer V6.
Em qualquer das opções se obtém um estonteante esportivo. Capaz de deixar comendo poeira muitos Audis e Mareas turbo por aí, por uma fração do preço. E com a grande vantagem da tração traseira!
6. Fatores subjetivos:
Corroboram para o acima exposto ainda uma série de fatores subjetivos, algo relacionado ao carisma intrínseco do carro.
Boa parte desse carisma se deve, possivelmente à personalidade do seu projeto. Um Chevette é um Chevette, seu desenho de linhas limpas que antecipou a abolição do quebra-vento, os conceitos de sua concepção passando pelo próprio ruído do motor, entre outros fatores, o tornam único.
Essa característica da personalidade pode aliás ser estendida à maioria dos automóveis projetados até a década de setenta. Já a partir dos anos oitenta, os projetos passaram por um "processo de padronização": todos os carros são conceitualmente semelhantes e suas formas seguem um padrão previsível.
Há ainda aqueles detalhezinhos que passam desapercebidos aos olhares incautos e que podem mesmo ser confundidos com defeitos, mas que só trazem mais charme ao carro sob a ótica de um chevetteiro. Algo como aquela pintinha sexy ou aquele jeitinho especial de sorrir que só os apaixonados notam em seus pares. São exemplos: a coluna de direção "tortinha" para a esquerda; o ruido do diferencial "cantando" nas reduções de marcha e ao passar dos 100 km/h; o barulhinho do combustível chacoalhando no tanque, cujo bocal atrevidamente emerge do tampão para ter à coluna traseira, etc.
Claro, ninguém é contra a evolução da indústria automobilística, mas não se pode deixar sua história morrer esquecendo-se de carros como o Chevette.
29 comentários:
gostaria de saber , como eu que tenho um chevette com motor de opala, se a marcha ré treme em todos , prque eu ja fix de tudo ,de calço a embreagem e nada funciona, valeu
po...
to emocionado ...
tenho um 81, motor original álcool, interior DL.
to pensando em por 2.2 16v
falta-me $$$$
rs
mas quem tem chevette, se arrepia toda vez q dirige
...pelo menos eu sim
po... o carro é realmente muito bom eu tenho um chevett 1.6 l a gasolina, trabalho em oficina e o que eu mais vejo sao carros novos porla o meu nem o motor foi aberto nem aquela incomoda fumacinha no escapamento tem, seria p oleo que eu uso sempre usei o ursa, valeu um abraço.
pois e , eu tenho um hatch 80 e estou meio quebrado ,a i eu digo vou vender e tal , mas qdo eu ligo ele pela manha p trabalar me sai lagrimas dos olhos e me arrepio e eu penso que se dane as divivida... è isso ai valeu
po super legal esse blog,tenho um 83 sl motor a alcool,carburador simples e eu mesmo que faço as manutenções mecanicas.gosto muito prq e super masio e gostoso de dirigir.
adorei o blog,tive um 81 sedan 1.4 e mesmo com 4 marchas tem uma força muito burta, e estou com um 91 motor 1.6 adoro esse carro rs..abraços
Tenho SLE 86 a 11 anos, alcool, não gosta de oficina, não vendo nem troco, viajo com a familia prá todo lugar. Nunca tive problemas.
Parabens pelo blog.
e ai galera,eu tenho uma chevy 94 bura duplo,muito forte de nascença,cara a camionete é fantastica,e não respeita esta legião de 1.0 que infestam as estradas e trancam transito,parabens pela postagem,abraços.
Esse texto disse tudo, o carro é praticamente perfeito, muito bom de dirigir, só lamento por duas coisas, a GM poderia ter investido em um modelo de chevette esportivo, não me refiro ao S/R, pois tinha o mesmo motor, mas sim como a linha VW da época que tinha lá seus gols GTI e GTS etc...
Mas estou muito satisfeito com o meu.
Gostei da matéria, de fato apresenta ótimos argumentos em favor do Chevette. Eu tenho um SL 85 a álcool desde 2008, meu primeiro carro, e não tenho intenção alguma de vendê-lo, primeiro porque eu adoro ele, muito antes de poder ter um carro eu fiquei analisando as opções que me interessavam e no fim foi o Chevette, e segundo porque eu tenho a intenção de prepará-lo com um C20XE quando possível. Já fiz meu motor por inteiro, passei de um carburador simples por um de 2 estágios, já fiz muita coisa desde que o comprei, mas não poupei em questão de escolher o melhor, suspensão, freios, já tive falta de sorte com o cabeçote, mas não me arrependo em nada com o que eu gastei, pois sei que o esforço valeu a pena e hoje ele roda tranquilo. Depois do que eu gastei com ele, duvido que tão cedo eu volte para uma oficina, pois agora zerou tudo, hehe, agora é só continuar cuidando.
parabens pela materia.é perfeitamante objetiva e explicativa e resume tudo sobre o chevette.eu estou no meu segundo.tive um 88 alcool e depois que vendi me arrependi total.ja tive kadett 93 voyage 89 uno ie 94 escort 89 e gol special 2001 e sofri barbaridade com todos no quesito manutençao cara e constante.hoje me recuperei e tenho um chevas 87 se que é otimo.to restaurano aos poucos pois tava um pouco caido troquei a capa do painel que rachou e fiz os ferios.enquanto puder vou fugir dessas porcarias descartaveis que fabricam nos dias de hoje.abraço.Daniel
bom neu tenho um cheva 1.6 alcool,é flex misturo meio a meio,so bate ja era,nunca me encomodei no inverno nem precisa injetar e fca mais economico faz 12 no asfalto,10 na estrada todo original menos as rodas 15,e motor ta galo nunca abri so regulo faz 5 anos que tenho,bom agora uma duvida pra vc,todo chevette tem infiltraçao no porta mala,nao adianta,é carro mesmo nao essas caixa de fosforo que tem por ai..corsa celta gol,pod botar do lado que leva brincando,meu meti uns contagiros e uns neon,farol xenos,e um som daquele..carro de malandro..agora estarei passamdo pro gnv.
quase sempre tive carros de tração traseira. meu 1º carro foi um chevrolet 1938. depois tive rural, aero willis, uma maravilhosa sinca (alias gosto do chevette por lembrar um pouco a sinca, esportivamente é claro). depois tive muitos anos um renault dauphini com mecanica e eletrica (12volts)do interlagos (motor 1093).no caso dos gordinis a opção foi pelo baiximo consumo de combustivel que na decada de 70 estava muito caro. mas nunca me adaptei com tração dianteira. não sinto o mesmo prazer que dirigir um carro de tração trazeira. por isso adorei a materia. tudo o que foi dito é verdade. ainda hoje tenho um chevette 1984 1.6 a alcool em boas condiçoes de funcionamento e é extremamente prazeroso dirigir ele. parabens pela materia.
adorei esse blog; tambem tenho um chevette 93 dl motor original a alcool 1.6 otimo na partida fiz todo o motor uma vez desde 2008 ja fiz viagens longas otimo na esrtada fas 10km por litro sempre penso em vender mas me arrependo obs; so nao gosto das infiltracoes que tem no porta malas e embaixo do painel lado do passageiro tambem treme as vezes de marcha a re
eae galera sou apaixonado por chevette tenho um ret 83 vou dar um trato depois coloco youtube pra vocês ver abraços ,a todos e um feliz ano novo.Alemão.
parabéns pela matéria ótimo curtimuito.abráços a todos.
eai galera, tenho um chevette 1.6 sl/e alcool 87 ,prata, bonito pra caramba, onde passo ñ tem um q ñ olha, muito massa, pois é, unico probleminha é o vasamento no porta malas, e nos pés do passageiro,
todo mundo q conheço e q tem chevette é a mesma coisa queria ver c alguem tem uma sugestão para o problema, muito obrigado
abrçs....
Paulo Robisson escreveu...
Tenho um chevette hatch 81, modelo 82. Ao me envolver em uma colisão há 8 meses tive que mandar restaurar sua frente... fiquei arrepiado ao ver que não havia nenhum podre na lataria. Após o concerto o carro ficou novo. A dificuldade de conseguir uma mini-frente foi tamanha que tive que comprar um chevette sem motor e fazer a transfusão de peças, mas valeu a pena. A GM deveria fabricar novas edições do chevette hatch, sua tração trazeira e demais vantagens precisam ser recuperadas, o ronco do motor é algo que me faz chorar de fortes emoções (sem necessidade de correr muito, é claro!)
cláudio eu tenho um 93 rodas do d/l conta giro motor com pistao de monza 2.0 e carburador de 2 tempos e meu xodo eu sou um chevelouco ...
Ae Galera tenho um chevette dl 1992 a gasolina e posso dizer que o carro e maravilhoso.... Estou vivendo um grande dilema, estou pensando em vende-lo e comprar um carro um pouco mais novo....
E nao é por que o carro e meu nao mas ele esta inteirinho....
Um Abraco a todos os cheveteiros....
ai galera eu tenho uma raridade que quase nao acha e um chevette hatch 1984 ta a venda com muita do mais se eu arumar um dinheiro vou arumar ele tenho que trocara caixa de direçao e dar um banho de tinta nele mas chevette eo poder de carro
tenho um chevette 89 mandei botsr as molas originais só que as molas da frente ficaram baixas e as traseiras altas,e por isso ñ passou na vistoria, alguem pode me diser o que pode estar acontecendo,e mais outra pergunta tem diferença das molas do chevette 89 para o 75, 75 vlw ai
Ai galera tenho um Chevette 1992 e tenho que vender com muita dor no coração se alguém se interessa pode entrar em contato Gilberto.mororo@gmail.com
chevette, muitos considerão um carro velho, ultrapassado já esquecido poucos são os adimiradores já eu sou um fiel apaixonado pelo velho e bom chevette, Tenho um 79 e gosto muito dele espero nunca ter que desfazer dele !!!
gilberto r.a tenho um chevette l 1.6s 93 anda muito da pau em muitos carros novos ai nossa o meu muito bom gostoso de dirigi nao despercebido onde passa
Adorei a matéria, tirou muitas dúvidas sobre o meu chevette hatch 80 carburador duplo solex brosol h34, tenho esta preciosidade desde 2001, um carro confortável e peças baratas em comparação a carros de hoje, o melhor de tudo são pessoas olhando por onde passo! A única adaptação foi substituir o cambio original pelo de Marajó 5 marchas
Muito legal essa discrição a respeito do chevette tenho um ano1992 júnior minha eaposa outro 1982 samos apaixonado por cchevette
Muito legal essa discrição a respeito do chevette tenho um ano1992 júnior minha eaposa outro 1982 samos apaixonado por cchevette
Bacana o post, fico fuçando a internet pra achar coisas sobre os Chevas, gosto mesmo de ficar olhando os projetos do pessoal do FlatOut e outros blogs.
Vivo assistindo os vídeos da Interstadual... Iria montar AP 2.0 pra drift, mas o dono do motor acabou vendendo pra outro cara. Agora, estou com um 2.2 8V de Vectra (pretendo montar turbão).
Por enquanto, assim que sair da restauração, vou rodar com o OHC 1.6S original, sem mexer em nada do motor até concluir o 2.2 e arrumar grana pro resto kkk
Tenho um canal no youtube. Quem tiver curiosidade, só procurar "Bad Habits Media BR"
TMJ fui
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